A época dos Phyllostachys…
Em setembro inicia o período de brotação dos Phyllostachys aqui na minha região não muito diferente do que acontece nos outros lugares. As plantas ainda carregam as folhas sofridas pelo inverno e gradativamente vão sendo substituídas pelas novas, mais vigorosas que surgem. No solo, as que caíram, se acumulam junto a touceira para dar proteção aos brotos emergentes e também para segurar a umidade e preservar o solo do forte calor do verão que se aproxima. É a natureza fazendo o seu trabalho.
Tela de proteção na área de brotação dos Phyllostachys pubescens (Moso)
Neste mesmo período começo a dedicar cuidados especiais no sentido de proteger os brotos novos das variações climáticas frequentes nesta época, das operações de manejo e dos animais. Os animais domésticos costumam circular por dentro dos bambuzais algumas vezes quebrando ou pisoteando sobre os brotos. Para isto utilizo em algumas áreas telas de 60 cm de altura ao redor das áreas de brotação e quando os brotos estão muito distantes coloco uma estaca de bambu ao lado do broto para marcar sua posição e ao mesmo tempo protegê-lo. Em alguns locais coloco barreiras transversais de bambu para quebrar a continuidade das áreas livres de brotação.
Sequência de brotações
Dos Phylostachys que disponho na minha coleção o pimeiro a brotar é o P.pubescens(Moso) logo a seguir são o P.nigra “henonis”, e a seguir os P.nigra. Neste período inicia a brotação dos P.aurea em todas as suas variedades, que chega se estender pelo mês de outubro inteiro. Por último, os P.bambusóides. O interessante é verificar como as variações climáticas influenciam na formação dos entrenós do P.aurea como se pode verificar nas fotos. Estas contorções e deformações dos bambus, muitas vezes originários de uma mesma mãe, demonstram nitidamente as faltas ou excessos de nutrientes, água e variações de temperatura. O mais característico de todos é o Phyllostachys aurea cujas deformações lhe conferem uma identidade.
Nenhum dos outros Phyllostachys apresenta estas características de nós deformados que, em algumas vezes, lhe confere uma característica de subespécie como p.ex.o P.aurea heterocicla.
No final de novembro praticamente todas as brotações já estão acabando e alguns poucos brotos remanescentes começam a enfraquecer ou mesmo secar. Algumas espécies de Phyllostachys continuam a emitir brotos novos enquanto as condições de solo e clima são favoráveis como o P.bambusoides(Madake) que emite novos brotos até dezembro.
Limpeza na área
Flores dos Aguapés(Baronesa) contrastando com o novos ramos dos Phyllostachys que se abrem
Logo após o final das brotações dou início à manutenção das áreas em volta destes bambus, pois deverão ser retirados todos os inços, gramas e outras plantas que podem competir com os novos brotos que, em apenas 2 semanas, chegam a ser varas com 3 a 4 metros de altura(Inços na foto acima). A competição das ervas daninhas é um dos fatores que atrapalham este rápido desenvolvimento. É muito arriscado chegar próximo ao mato de bambus, para se fazer a limpeza antes da brotação, pois se corre o risco de pisotear sobre um local onde poderia emergir um novo broto. Esta limpeza então deve ser feita quando os brotos já estão crescidos, no ponto em que as varas ainda não chegaram a abrir seus galhos e folhas, quando ainda estão fechados, até o final do período de crescimento longitudinal, o que pode durar algumas semanas.
É importante manter nesta limpeza as folhas secas que se acumularam no solo para garantir a umidade e a reciclagem da matéria orgânica no seu ciclo natural. Neste período se retira alguns galhos e colmos secos para dar espaços aos novos colmos e ramos que irão se expandir.
A cada ano a multiplicação de novas varas é significativa. Esta nova floresta de P.aurea tem apenas 5 anos e a cada ano as novas varas surgem com maior altura e maior diâmetro. Hoje o diâmetro máximo é de 3 cm. Em uma outra área que dispomos, o plantio, que tem mais de 12 anos as varas chegam a atingir mais do que 5 cm de diâmetro.
Depois da limpeza começa o período de abertura dos ramos e as plantas iniciam o seu melhor ciclo. As folhas assumem um tom verde claro muito exuberante(como as fotos acima). As novas varas se tocam umas às outras apenas deixando gentilmente o espaço para passar mais um novo colmo. O contraste dos tons entre as plantas antigas e as novas exibem um performance de cores muito agradável. O espaço para a circulação dentre os colmos, em contrapartida, vai ficando a cada ano mais exíguo e o acesso para o manejo, por conseguinte também.
Isto acontece em uma floresta jovem onde nenhum colmo ainda foi cortado. Nas florestas com mais de 6 anos os espaços entre os colmos já começam a ser maiores, na medida que o corte/desbaste começa a ser feito.
A época dos Phyllostachys é ampla mas referindo-me ao período de maiores cuidados ela só termina quando o período da estiagem entre janeiro e abril acaba. Agora estamos em Janeiro e as chuvas começam a se espaçar aqui no sul e como as plantas estão exercendo seu maior vigor não lhes pode faltar nada, principalmente ÁGUA.
Os demais Phyllostachys são plantios com pouco menos de 3 anos e não possuem varas com diâmetro significativo, embora o alastramento do P pubescens(Moso) neste ano tenha sido muito bom, considerando que todas as plantas-mãe desta espécies são originárias de plantio de sementes. Cerca de 12 matrizes que foram colocadas em uma área de sombra e relativamente protegidas, hoje já atingem cerca de 90 novas varas, que no próximo ano se multiplicarão exponencialmente.
Por estes motivos escrevi o post anterior: Muita água para os Bambus...