APLICAÇÕES PRÁTICAS DE BARREIRAS PARA IMPEDIR ALASTRAMENTO DE RIZOMAS DE BAMBUS DO TIPO ALASTRANTE
A utilização de barreiras plásticas convencionais para impedir a evolução de plantas e raízes dentro de área em que se quer manter contidas, em determinado espaço, nem sempre é bem sucedida quando se trata de bambus de rizomas do tipo alastrante, na maioria das vezes por falta de conhecimento dos métodos de contenção e seus controles.
É conveniente destacar que o mito " este bambu é invasor" é muito mais por desconhecimento sobre a planta e seus métodos de controle do que pela planta ser agressiva em relação a outras.
Na natureza existem milhares de plantas alastrantes e tão ou mais "expansivas" do que o próprio bambu.
Antes de abordarmos sobre o tema deste artigo, convém esclarecer o que significam estas diferenças dos tipos de rizomas e raízes, para as pessoas que ainda não estão familiarizados com estes tipos de bambu.
O desenvolvimento longitudinal destes rizomas de bambus alastrantes, de forma radial é bem diferente dos bambus do tipo entouceirantes, os quais se desenvolvem concentricamente a partir da planta colocada em um determinado local.
Algo mais ou menos assim como no esquema abaixo:
Os alastrantes saem campo a fora e os entouceirantes ficam na volta da planta mãe.
Como nas figuras abaixo:
O esquema a seguir demonstra rizomas de bambus do tipo entouceirante
Obs.:Nas figuras se pode diferenciar as designações de rizomas, que são as partes subterrâneas e as raízes que deles emergem para a absorção dos nutrientes de manutenção da planta
Neste outro temos os rizomas de bambus tipo alastrante
Esclarecendo: Os dois tipos de bambus tem a sua beleza e ambos são perfeitamente controláveis desde que se tenha a técnica para conter sua expansão na área plantada.
Existem muitas teorias a respeito da eficiência deste tipo de barreira de contenção de alastramento dos rizomas, porque em algumas circunstâncias e tipos de terreno a abertura de valetas é algo muito difícil. Por ex.: Terrenos pedregosos ou em locais muito inclinados.
Esta prática, no entanto, é valida para grandes extensões, locais inclinados e em áreas onde fica difícil o acesso de máquinas para a abertura dos valos.
Aqui na minha área tenho muitas destas valetas, algumas com barreiras outras não.
Existem alguns casos conhecidos de uso de barreiras de concreto ou mesmo paredes de materiais como lajotas e/ou tijolos. Todas as práticas são válidas, umas mais onerosas e outras de menor custo como esta que descrevemos abaixo, com o uso de plásticos recicláveis de correias transportadoras ou outros plásticos resistentes.
Desenho esquemático em corte de uma valeta:
Em azul está posicionada a barreira inclinada e na parte abaixo dela, no sentido da área livre de raízes/rizomas, se coloca o apoio de terra(que também pode ser areia) para assentar a barreira. Na parte superior da barreira, em direção ao local onde as raízes/rizomas são gerados, se coloca areia ou matéria orgânica/folhas,etc.. da própria floresta( eu utilizo ambos). Esta parte de areia ou folhas facilita a inspeção quando os rizomas apontam para dentro do valo.
Algumas vezes a barreira pode ser instalada e o valo não precisa ser preenchido, pois isto facilita a inspeção.
Este sistema com areia foi visto em um colecionador que tive oportunidade de visitar no noroeste dos EUA
A largura da vala não chega a ser um fator limitante, pois muitas vezes não se tem espaço para a abertura de valas largas. A largura de 40 cm é suficiente para a instalação da barreira, seja na vertical ou inclinada.
O importante é que seja bem dimensionada a profundidade, a qual fica bem configurada ao se observar os rizomas já existentes quando se está abrindo a valeta, ou em caso de estar instalando a planta nova no local. Neste caso se pode verificar a profundidade (de terra macia) do solo no local, mas dificilmente estes rizomas irão atingir uma profundidade maior do que 60 cm.
Com o preenchimento de areia os rizomas tendem a seguir o caminho ao longo da valeta, pois a areia é um caminho fácil que não oferece resistência ao rizoma e normalmente possui a umidade que a planta exige.
Inspeção dos valos de contenção
Vejam nas fotos abaixo um exemplo prático do que acontece. Esta primeiras foto é localização do rizoma em um valo de contenção aberto(sem barreira).
Esta foto acima mostra um dos rizomas quase chegando ao fundo do valo de contenção. Quando existe barreira e areia o rizoma chega ao fundo, bate na barreira e segue o caminho da valeta pela areia. Algumas vezes o rizoma não chega a descer e já segue o caminho da areia.
Devido uma característica local daqui do Bambuplatz Garten os rizomas dificilmente excedem os 35 cm, pois o solo tem uma camada de no máximo 40 cm de cobertura de terra mais solta, tendo logo abaixo uma cama argilosa (que chega a ser impenetrável em algumas circunstâncias). Os rizomas sempre procuram se expandir no solo mais favorável.
Material das barreiras.
Mantas plásticas recicladas, esteiras transportadoras, banners, plásticos de embalagens(que podem ser duplicadas ou coladas).
Em resumo:
"A melhor barreira é aquela que a gente pode dispor ou pagar"
Seguem abaixo algumas fotos do método que utilizo por aqui.
Abertura dos valos
Na foto abaixo, o uso da barreira para dividir duas áreas de alastrantes . Neste caso deve-se aprofundar um pouco mais a barreira e colocá-la na vertical. No entanto os dois lados devem ser preenchidos com areia ou outro material de fácil remoção e inspeção(folhas da própria mata de bambu).
A área de inspeção é importante, principalmente quando os dois bambus que estão lado a lado e tem rizomas semelhantes, como no caso do gênero Phyllostachys ( com exceção do P.nigra). Em caso de uma das espécies conseguir ultrapassar a barreira, esta diferenciação poderá gerar muitos problemas na identificação das varas obtidas. Em alguns casos é melhor deixar a vala aberta, sem nenhuma barreira, como na foto acima.
Neste caso em especial temos 4 diferentes Phyllostachys, muito juntos uns aos outros P.aurea, P.bambusoides, P.nigra henonis e P.nigra ( os demais estão em outro local).
Nesta última foto a barreira plástica está instalada ao lado esquerdo da foto e a valeta completamente coberta com areia e folhas geradas no próprio bambuzal.
Como sempre costumo encerrar meus artigos expostos aqui no blog, todas as sugestões que servirem para complementar este artigo ou corrigir eventuais situações que aqui foram postadas serão designados os créditos ao autor .
Prezado Ene,
ResponderExcluirParabéns pelo trabalho de informação! Há várias razões da importância deste artigo que entre outros incentivará o cultivo do bambú que tem um papel cada vez mais importante em um cotidiano sustentável.
Abraço
Brimo Alexandre
Muito bom Ene parabens
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