MÉTODO DE COCÇÃO DE VARAS DE BAMBU POR VAPOR
Durante algum tempo estive fazendo tratamento térmico nas varas de Bambus da espécie Phyllostachys aurea e outros destas espécies sensíveis a este processo utilizando maçarico, somente para dar acabamento e ao mesmo tempo eliminar alguns insetos xilófagos que eventualmente poderiam estar contidos no material.
Mantive este processo enquanto minha produção era pequena e servia apenas para dar conta do material que eu mesmo utilizaria em pequeno trabalhos.
Passados alguns anos (mais de 15) a minha floresta de Phyllostachys(7 espécies) cresceu e se desenvolveu muito, de tal forma que o pré-tratamento preventivo, de queima com o maçarico se tornou impraticável com o volume crescente de varas a serem tratadas, após o período de colheita a cada ano.
Com o objetivo de agilizar este processo e poder dar conta do volume construí um forno de geração de vapor em base a um mix de modelos que fui buscando na internet e um que vi em operação em uma visita a uma fábrica de móveis de bambu em 2005 (que era um modelo bem sofisticado e profissional). Como a finalidade seria um pré-tratamento para preservação de varas que seriam comercializadas e que estas iriam ser tratadas posteriormente pelo usuário, por outros métodos químicos, (imersão, injeção, etc...), resolvi optar por um equipamento bastante simples que eu mesmo desenhei junto ao serralheiro, como está demonstrado a seguir, onde faço uma descrição sucinta do método de operação do forno e do cuidados com as varas.
As varas desramadas são inicialmente cortadas nas dimensões do comprimento do forno e a seguir devem ser aparadas para serem removidos os toquetes resultantes da retirada dos ramos, para não trancarem ao serem adicionadas ou ao serem retiradas do forno (e não rasparem umas nas outras).
Limpeza das varas antes de fornear
Todas as varas devem ser lavadas individualmente, pois elas possuem sujidades naturais da floresta que nela foram se acumulando durante anos(3/4 anos). Este processo pode ser mecanizado, mas mesmo desta forma precisam ser revisadas antes de serem forneadas. A camada de proteção externa do bambu dentro do forno aquece e ela "derrete" e logo se vitrifica novamente na saída do forno ao ser resfriada. Se houverem sujidades nesta superfície ela ficará aderida comprometendo o acabamento final.
Na retirada das varas é prática tradicional passar um pano embebido em óleo diesel na superfície externa no comprimento total da vara, que ao mesmo tempo que remove alguma sujidade residual da operação faz também a retirada da água condensada sobre as varas ao saírem do forno, e uniformiza a aparência da superfície externa das varas.
Esta operação final é extremamente difícil. A temperatura das varas é extrema, pois elas estão ainda muito quentes pelo vapor sendo resfriada unicamente pelo pano com o óleo diesel. É necessário algum esforço ao passar o pano, pois ele"gruda" na superfície caramelizada da vara. O processo de resfriamento é relativamente rápido. Normalmente este procedimento é feito em local aberto e arejado (até mesmo como prevenção pelo calor gerado pelo forno).
É aconselhável a utilização de algum equipamento de segurança como luvas e mangas compridas devido ao calor na retirada das varas do forno.
Embora não apareça nas fotos anexadas o procedimento de cocção é feito com a tampa da extremidade fechada(primeira foto)
O forno demonstrado é de 3,5 m de comprimento porém como ele é construído em módulos de 1,15m aproximadamente, é possível adicionar um ou mais módulos para utilizar varas mais longas, mas certamente irá requer também o prolongamento do tubo interno de vapor e mais tempo de cocção.
Descrição do equipamento
O recipiente de aquecimento é um tanque inox razoavelmente seguro e forte o qual é instalado sobre uma grade de um fogareiro a gás com estrutura de ferro.
Como esta operação é realizada em local aberto, algumas vezes com vento na base do tambor inox é colocada uma proteção de chapa metálica para evitar que o fogo apague ou que haja algum acidente com o gás aberto durante o processo de aquecimento.
Todo o material é simples e de baixo custo - chapa galvanizada. O tubo interno e o tubo que conduz o vapor do taque para o cilindro mestre é o mesmo que se pode comprar nas ferragens utilizados como chaminés para fogão a lenha.
Muito interessante o desenvolvimento desse processo e a ferramementa criada.
ResponderExcluirShow, ainda chego lá!! Parabéns!!!
ResponderExcluirShow, ainda chego lá!! Parabéns!!!
ResponderExcluirParabéns!!!! Muito inventivo.
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