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sábado, 25 de junho de 2016
Bom retiro edicao final 2
Pessoal estou colocando o link deste vídeo sobre a Fábrica de Bom Retiro que está disponível no Youtube com os nomes dos autores desta"obra prima" da historia do papel e do Bambu.
Ene/ http://agrobambu.blogspot.com
sexta-feira, 24 de junho de 2016
CELULOSE E PAPEL DE BAMBU -
CELULOSE E PAPEL DE BAMBU
ANTIGA FÁBRICA DE PAPEL DE BAMBU DE
BOM RETIRO DE GUAÍBA
Por alguns anos estive escrevendo(e reescrevendo) este artigo. Cada vez que recebo uma visita de bambuzeiros de fora do Estado faço este caminho através de BOM RETIRO DE GUAÍBA-RS(atualmente município de Eldorado do Sul), que passa por uma estrada vicinal ao caminho que vai ao Bambuplatz, para que possam ver um "Passado recente da história do Papel no Rio Grande do Sul" e a participação do Bambu nesta história.
MAPA DE SITUAÇÃO DA ANTIGA FÁBRICA DE PAPEL DE BOM RETIRO EM RELAÇÃO A PORTO ALEGRE/GUAÍBA COM O PORTO DE RIO POR ONDE SE ESCOARIA A PRODUÇÃO ATÉ PORTO ALEGRE. |
Hoje, neste município, estão operantes algumas unidades das grandes indústrias de celulose e papel do Brasil.
Como meu sítio BAMBUPLATZ GARTEN está localizado a apenas poucos minutos do local, em visitas a Bom Retiro, contatos na minha vizinhança e alguns textos da web, consegui colher informações sobre algumas das etapas que foram ocorrendo desde a fundação até o fechamento da fábrica.
O Bambu é o objeto principal deste relato.
UM POUCO DA HISTÓRIA...
O proprietário de uma área na localidade de Bom Retiro, um distrito de Pedras Brancas( hoje município de Guaiba), idealizou a instalação de uma indústria voltada para produzir papel e papelão, ainda no período Brasil Império, por volta de 1880.
Este senhor (de origem alemã), contratou em Porto Alegre o engenheiro Henrique Brockman, também alemão, que seria o então encarregado da instalação dos gasômetros em Porto Alegre e interior do RS. A partir daí, Brockman iniciou uma série de estudos para a fundação desta indústria que, por ter um processo poluidor por excelência(principalmente com relação ao cheiro que exalava), não deveria ser instalada nas proximidades do rio e/ou perto de uma concentração populacional que Pedras Brancas(cidade de Guaíba) já tinha nesta época. Optou então por instalá-la no distrito de Bom Retiro que seria localizada a mais de 20 km da cidade e estaria mais próxima de um local que teria um porto fluvial nas cercanias, para deslocar esta produção a um custo razoável, uma vez que não se dispunha de estradas e meios de transporte que se tem hoje. Além disto, estaria situada próxima às fontes produtoras de madeiras e dos produtores de arroz, cuja casca serviria de matéria prima opcional barata. Posteriormente, as áreas que estariam no entorno da indústria iriam dar lugar a imensas florestas de Bambu e outros reflorestamentos que viriam a seguir.
Nesta época, lá por 1885, o Eng. Brockman iniciou as tratativas para a montagem da indústria, que receberia os equipamentos adquiridos que ele próprio foi buscar na Europa, onde tinha contatos e conhecia os principais fabricantes das máquinas e do processo de transformação da celulose e do papel.
A fundação desta fábrica ocorreu aproximadamente em 1895 com as etapas preliminares estabelecidas : Local/Equipamentos/Matéria prima/Escoamento. Faltavam alguns complementos fundamentais, tais como água e material humano para operar toda a cadeia produtiva. Sabe-se que a água é um fator importante na indústria da celulose e papel e, para tal, seriam construídos sistemas para coletar água dos arroios. Com o passar do tempo foram necessários novos condutos, barragens como a do Arroio do Conde e um poço artesiano para alimentar a indústria e reservatórios para abastecer o processo, alimentar o vilarejo dos moradores na localidade e as residências dos funcionários.
A Fábrica de Papel e Celulose Pedras Brancas começou a operar utilizando como matéria prima diversas madeiras regionais e cascas de arroz, disponíveis em larga escala pelos arrozais da região. Como as matérias primas iniciais não atendiam esta demanda, de cerca de 3 t/dia de papel, no final do século 19 iniciaram as plantações de Bambu em toda a região. Poucas informações estão disponíveis sobre as técnicas, sobre o plantio e manejo das florestas de Bambu. Embora tenha conversado com alguns técnicos do ramo, não consegui obter a informação sobre o porquê da escolha da espécie Bambusa tuldoides para esta finalidade. Sabe-se hoje que esta espécie não é a que melhor resiste ao nosso clima aqui do RS, principalmente se tratando de uma região onde as geadas são devastantes.
Foto atual do interior uma destas florestas de Bambusa tuldoides que estão praticamente abandonadas
A produção permaneceu utilizando estas matérias primas por muitos anos, tendo o Bambu como principal insumo, até pelos anos 60, quando a fábrica foi transferida para Guaiba com o nome de Cia. Pedras Brancas. Nesta época já estavam estabelecidos os plantios de eucalipto e acácia na área. Com o tempo várias indústrias mais modernas, que utilizavam tecnologias mais eficientes, com melhor controle do processo poluidor puderam se situar dentro da atual área do município de Guaíba para se localizar junto as demais empresas do ramo de celulose.
Na década de 80 estaria deixando de produzir celulose a partir do Bambu o que ocorreu após ser vendida para outro grupo da área do papel.
As imensas áreas de plantações de Bambu da região foram devastadas( e ainda estão sendo) e substituídas gradualmente por plantações de Eucalipto e Acácia que são madeiras de reflorestamento predominantes em todo o RS, principalmente nestas imediações.
No mapa do Google Earth acima observa-se várias pequenas manchas de florestas de Bambu remanescentes, próximo ao km 125 da Br290(que podem ser vistas da estrada) como na foto abaixo.
No canto esquerdo superior da foto, entre a floresta de Eucalipto(árvores altas mais verdes) e a parte central que são os arrozais - Toda esta extensão é uma floresta de Bambu remanescente das antigas plantações de Bambu que alimentavam a antiga fábrica.
Na foto abaixo outras malhas próximas a sede da fábrica em Bom Retiro.
Existem ainda dezenas de outras malhas que podem ser vistas ao se transitar nas estradas da região.
Na década de 80 tive a oportunidade de trabalhar por alguns anos na empresa Celupa, que pertence ao Grupo Melitta da Alemanha. Nesta época chegamos a processar, na confecção dos filtros de café, em um pequeno percentual, a celulose proveniente do Bambu fornecida pela empresa Pedras Brancas quando já estabelecida em Guaíba. Vale lembrar que a fibra resultante do Bambu é uma fibra curta que define um certo poder filtrante quando conjugada com fibras de celulose longa predominante neste tipo de filtro.
VEJAM ESTE INCRÍVEL VÍDEO SOBRE A FÁBRICA DE PAPEL DE BAMBU NO LINK ABAIXO:
https://www.youtube.com/watch?v=mcLgQBB9cy
A FÁBRICA NOS DIAS DE HOJE
Depois do período áureo restaram as ruínas e promessas em transformar a área em um museu, onde estaria registrada a história da vida papeleira da região.
Uma edificação bastante imponente para a época e muitos equipamentos semi-destruidos pelo tempo vistos ainda hoje.
Obtive muitas fotos dos antigos equipamentos destruídos pelo tempo e pelo descaso:
Cilindro secador
O objetivo deste artigo é especificamente vincular a existência de remanescentes florestas de BAMBU da espécie Bambusa tuldoides nesta área e seu entorno com a produção de papel. Desta forma, colocar a conhecimento da comunidade bambuzeira que esta seria talvez,
A PRIMEIRA FÁBRICA DE PAPEL A PARTIR DO BAMBU no Brasil.
Uma das coisas mais interessantes de tudo isto é que, quando criança( ou seja, mais de 60 anos atrás) eu lembro de comprar pão nas padarias lá em Bagé, RS e o pão vinha embrulhado em uma folha de um papel de Bambu... Naquela época nem pensava que eu estaria tão envolvido com o Bambu como estou hoje.
Informações adicionais:
Fontes de consulta na web:
http://www.celso-foelkel.com.br/artigos/outros/12_Relatos%20historicos%20da%20Companhia%20Fabrica%20de%20Papel%20e%20Papelao%20de%20Bom%20Retiro%20de%20Guaiba.pdf
e também em:
Video sobre o Arroio do Conde:
https://www.youtube.com/watch?v=15c-3lJ2Hag
Algumas informações pessoais obtidas com um morador(nome desconhecido) do vilarejo de Bom Retiro, que cuidou das ruínas por algum tempo e do Sr. Genivaldo Moraes, cujo pai trabalhou por algum tempo na região, na colheita dos Bambus.
Agradeço a todos os que, de alguma forma, contribuíram para a compilação destas informações. Todas as fotos aqui colocadas são de minha autoria com exceção dos vídeos compilados do Youtube com o respectivo autor nominado neles.
Novas informações poderão ser adicionadas por alguém(com os devidos créditos) que queira colaborar em incrementar ou corrigir as já descritas neste relato.
quarta-feira, 22 de junho de 2016
quinta-feira, 5 de maio de 2016
ÓRGÃO DE BAMBU
ÓRGÃO DE BAMBU
Alguns anos atrás escrevi o artigo sobre o Órgão de Bambu existente em Porto Alegre,
RS o qual estou postando agora para os meus amigos do Blog.
Segue descrito abaixo o relato do local onde ele foi instalado e alguns dos detalhes de sua construção, conforme relatei na época em que o artigo foi escrito (2012).
Órgão de Bambu em Porto Alegre
O
órgão foi construído relo Rev. Padre Odilon Jaeger SJ da Congregação Jesuíta. O
Colégio Anchieta, antes instalado no centro da cidade de Porto Alegre, na Rua Duque de Caxias,
mudou-se no final da década de 60 para a Rua Nilo Peçanha em uma área muito
bonita, no bairro Boa Vista. Ao ali se instalar, o Pe. Odilon começou a
construir o órgão por volta de 1968, com o auxílio do irmão da Congregação
Lasalista de Canoas/RS, Pe.Renato Koch, que ainda hoje dá assistência e manutenção
ao órgão.
O
Padre Odilon já tinha construído o órgão de São Leopoldo, que é cerca de 2/3
menor do que este do Colégio Anchieta.
Um fato que muito valoriza este órgão é que, segundo consta, existem apenas três órgãos de bambu no mundo. O primeiro em Manila, o qual já teria sido destruído pelo tempo e poucos cuidados, teria sido restaurado na Alemanha e após, retornado ao seu sítio na catedral de Las Piñas próximo de Manila nas Filipinas. Os outros dois são os daqui no RS, respectivamente, o de São Leopoldo e este do Colégio Anchieta.
Características do órgão de bambu
Central
de operação - Teclados e comandos de operação
O aparelho é composto de três conjuntos sonoros que são operados pelo teclado central
Toda a
estrutura da central de operação do órgão, incluindo teclados, mecanismos de comando
e o próprio móvel, foi construída pelo Padre Odilon Jaeger.
Os conjuntos
de tubos estão dispostos de forma simétrica nas duas laterais do altar principal e
na parte superior, incrustados em um nicho construído de forma a acomodar as tubulações.
Atrás delas, com acesso por trás do altar mor, no segundo piso, estão dispostos todos os mecanismos de sopro, circulação de ar e motorização que gera o ar para alimentar os sopros nos tubos.
Atrás delas, com acesso por trás do altar mor, no segundo piso, estão dispostos todos os mecanismos de sopro, circulação de ar e motorização que gera o ar para alimentar os sopros nos tubos.
Na foto a seguir observa-se os conjuntos de tubos que estão localizados atrás da mesa do teclado que fica situado no nível do piso da igreja. Alguns destes tubos são feitos de bambu e outros são de cedro. Os de cedro são perfeitamente colados, de forma a não deixar escapar ar no sopro. As extremidades superiores são fechadas com uma caixa de cedro e uma pequena manopla que serve para regular a precisão do tom esperado para cada tubo. Uma vez regulada. a abertura é fixada com a manopla.
Na parte
inferior dos tubos, tanto nos de bambu quanto nos de cedro, está a saída do ar e do
som (pois o ar é soprado dentro dos tubos por canículas plásticas e sai pela parte
inferior).
O valor
das notas, tons e o resultado final são definidos em função do diâmetro e comprimento dos
tubos (volume total do tubo). O mesmo para os de seção quadrada (de cedro).
Disposição
das tubulações nas laterais e atrás da central de operações na lateral direita da
foto. Atrás do teclado o terceiro conjunto de tubos ao nível do chão.
Tubos em bambu e cedro
Detalhes das caixas de saída das tubulações
Detalhe dos reguladores na parte superior dos tubos de bambu
Detalhes das caixas de saída das tubulações
Detalhe dos reguladores na parte superior dos tubos de bambu
- Os tubos de emissão de som são confeccionados em bambu Bambusa vulgaris-vittata, alguns de maior diâmetro, que estão no conjunto destas fotos acima, parecem ser Dendrocalamus asper. Os bambus utilizados, em sua maioria, são B.vulgaris-vittata . Alguns tubos são metálicos, os quais podem ser vistos atrás das ventanas (que se abrem automaticamente) e uma grande parte de tubos são de Cedro (quadrados).
O conjunto
de motorização que faz a circulação do ar está colocado atrás das paredes onde
os conjuntos de tubos nas laterais do altar estão colocados. Nestas salas estão
tubos de madeira (muito bem preservada) por onde o ar circula e é distribuído aos
canos plásticos, que concorrem para os tubos, pelos sopradores. Os sopradores são
feitos de couro muito flexível, colados na base dos tubos que se enchem e esvaziam
como pequenos foles.
Estes conjuntos
de madeira fazem parte da distribuição do fluxo de ar e estão situados imediatamente
atrás dos conjuntos de tubos que são vistos por dentro da igreja, nas laterais do
altar principal.
Conjunto
de tubos do lado esquerdo
Conjunto de tubos do lado direito
Conjunto de tubos do lado direito
No conjunto
do lado direito observa-se um conjunto de tubos metálicos, através das ventarolas
que estão abertas (logo atrás dos bambus que estão na parte de baixo).
A grande maioria dos tubos sonoros é de bambu.
A seguir os conjuntos de cedro e uma pequena quantidade de tubos metálicos.
A foto acima mostra o detalhe das extremidades inferiores dos tubos de bambu onde estão as caixas de saída do som de cada um dos tubos.
Estas caixas
são pintadas da mesma coloração dos tubos, de forma diferente que as caixas mostradas
na foto do conjunto que está ao nível do chão.
Outro detalhe
muito importante e nítido nesta foto e na foto do
conjunto atrás do teclado é que todos os bambus foram pintados com um esmalte especial( o que talvez tenha dado resistência ao ataque de insetos a estes bambus) e as listras foram executadas sobre as listras originais
do bambu, manualmente, até com alguma imprecisão.
Ao se observar
o conjunto de longe tem-se a impressão de que os bambus têm sua coloração natural.
Mas, ao se chegar próximo aos tubos, pode-se verificar que todos são pintados com
esmalte amarelo e listras verdes, tentando imitar as cores originais dos bambus.
De forma geral o conjunto é magnífico. Todos os três conjuntos estão operantes, poucos
tubos racharam ( têm mais de 40 anos)Se pode observar que alguns já foram consertados com colas ou silicone.
As informações
que recebi do Pe.Luiz são de que o órgão é acionado com freqüência, em várias ocasiões,
em missas ou eventos solenes e que, algumas vezes, seriam necessárias intervenções
do Pe. Renato Koch para fazer algumas correções no sistema de distribuição/fluxo
de ar e outras partes do conjunto.
A próxima
etapa que está sendo planejada é a construção do 4° conjunto de tubos, que igualmente
será de bambu. Este novo conjunto será instalado no lugar da janela, conforme mencionado anteriormente, e observado na foto a seguir.
O conjunto
de fotos e este relato foi elaborado por José Ene, a partir das informações prestadas pelo Padre Luiz
Chang SJ da Congregação Jesuíta do Colégio Anchieta, cujo link está abaixo :
http://www.colegioanchieta.g12.br/index.php?option=com_content&task=view&id=91&Itemid=5&menu_ativo=active_menu_sub&marcador=5
Este artigo foi originalmente escrito por mim em 2012 e somente agora, em 2016 transcrito para este blog, portanto alguma informação poderá estar desatualizada.
José Ene
Porto Alegre
- RS - Brasil
http://agrobambu.blogspot.com
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