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quinta-feira, 18 de agosto de 2022

ÁCAROS NO BAMBU



 INCIDÊNCIA DE UMA ESPÉCIE DE ÁCAROS NO PHYLLOSTACHYS EDULIS


No final de 2020 comecei a observar que algumas varas de Moso (Phyllostachys edulis) da minha pequena floresta desta espécie da Coleção de bambus do Bambuplatz Garten estavam começando a secar precocemente e apresentar manchas escurecidas. Embora fossem varas mais antigas, com 3 ou 4 anos, elas tiveram uma evolução muito rápida para ficarem naquele estado ao ponto de secagem definitiva. As manchas (como vistas na foto acima) se apresentam como malhas irregularmente distribuídas.

   

Ainda além de secarem muito rapidamente estas manchas escurecidas que davam um mau aspecto quase que inviabilizando a utilização das varas, sendo preciso que fossem escurecidas por corantes especiais, após o tratamento, para poderem ser utilizadas em algum tipo de uso específico, sendo porém não indicadas para outros trabalhos estruturais.

  

Fazendo uma análise mais de perto em algumas unidades da floresta foram observados pequenos pontos brancos que foram aumentando e se continuavam com a formação de um agrupamento com blocos destes ácaros  (aracnídeos).

Chegando a formar placas como na foto abaixo.



Comecei a fazer um acompanhamento mais detalhado e iniciei um processo para tentar eliminar estes ácaros da parte basal até a altura onde a bomba de alta pressão alcançava(4 ou 5m).


A primeira medida foi coletar a maioria das varas infestadas pelos ácaros. Logo a seguir foi feita uma limpeza com jato de água até a altura onde era possível alcançar os colmos que iriam permanecer na floresta.

  A seguir foi necessário fazer uma seleção de deixar as varas mais novas, mesmo afetadas pelos ácaros, para serem submetidas a um tratamento por aspersão, o qual somente poderia ser feito após realizar um teste a base de produtos que não fossem agressivos ao ambiente. 

Foram feitas várias tentativas com soluções e ingredientes em diversas concentrações

Convém salientar que esta espécie é uma das minhas produtoras de brotos comestíveis. Assim sendo, o critério de utilização de produtos adequados ao tratamento deve ser bastante rigoroso, de tal forma que o uso deles não venha afetar a base e entorno da planta, onde os novos brotos estariam sendo gerados.


Além disto não aplicamos produtos "acaricidas convencionais" aqui no nosso local em função de que estes, mesmo que sendo eficazes, poderiam afetar de alguma forma os predadores naturais destes ácaros. Pex,: a Joaninha e seus similares conforme descrito em outro artigo aqui no blog. 

Desta forma optamos pela aplicação de produtos  não agressivos ao local(solo e plantas ao redor). 
Equipamento: Com um aplicador tipo mochila de 5 l

    Utilizamos uma mistura  a base de óleo mineral e detergente neutro com um extrato se fumo. 

- 5 litros de água

- 2 colheres de sopa de óleo mineral(aprox 60ml)

- 1 colher de sobremesa de detergente liqUido neutro(aprox. 30ml)

- 100 ml de solução de fumo.

Resultados:

Primeira aplicação: Durante o inverno foram feitas 2 aplicações que resultaram positivamente a evolução dos ácaros. 30 e 60 dias.

No inicio da primavera foi feita a segunda aplicação, pois novas incidências começaram a surgir com a chegada de períodos mais quentes.

Foi necessária nova lavagem para uma limpeza dos agrupamentos e depois nova aplicação da mistura acima.

Na foto se consegue observar marcas da aplicação do produto que ainda permaneceu por algum periodo nos colmos que estavam infestados mas que ainda não tinham sofrido lesões pela ação dos ácaros.

 

Podemos observar que o resultado foi positivo nas fotos abaixo as quais foram obtidas 90, 120 e 180 dias após a constatação do problema.

 

Abaixo podemos ver os resultados em alguns colmos que tinham sido iniciados com o ataque e outros onde os ácaros não chegaram a evoluir.

  


Passados já quase 2 anos e meio da primeira observação fiz a coleta de todas as varas que estavam com o problema e passei a controlar a evolução dos ácaros. Alguns ainda permanecem no ambiente porém agora sob cuidados especiais evoluindo em pequena escala natural. Nada tão preocupante que os próprios predadores deles não possam dar conta. 

Agora em setembro próximo começa o período de brotação e antes disto vou iniciar uma nova aplicação da solução, no sentido de evitar que os novos colmos sejam afetados pelos ácaros.

Acredito que a incidência deste ácaro ou semelhante em uma floresta consolidada e de grande extensão possa ser um problema complexo de tratar, pois fica mais difícil a aplicação dos produtos em função dos espaços entre as plantas, as grandes extensões e também a altura das aplicações. Para tal é necessário estar atento aos primeiros sinais da presença destes ácaros, no sentido de "evitar sua disseminação" o que certamente poderia ser um grande problema no resultado final da produção.

Obs.: Gostaria que o pessoal que tem acesso a este artigo e conhece o ácaro ou já teve experiência anterior semelhante que faça um comentário aqui no blog para que fique o registro ou entre em contato conosco diretamente no privado. Todas as informações adicionais irão ser publicadas aqui com os referidos créditos aos autores. 

Como se pode observar, este artigo e todo o estudo para ser concluído levou apenas 2 anos...